Estudo sobre a cadeia produtiva da carne de frango brasileira exportada para a Europa mostra que propriedades rurais de Mato Grosso do Sul, apontadas como violadoras dos direitos indígenas fazem parte desse comércio. É o que denuncia a ONG (Organização não Governamental) inglesa Earthsight, que cita Fazenda Brasília Sul, em Juti, produtora de soja, como uma das “exploradoras” de terras tradicionalmente pertencentes a povos tradicionais.
O ciclo – O grão produzido ali serve de ração para os animais da Lar Cooperativa Agroindustrial, uma das maiores exportadoras de frango do Brasil e que envia a proteína animal para dezenas de varejistas europeus. A Brasília Sul é reivindicada como território da etnia Guarani-Kaiowá e o processo de demarcação está parado.
Da granja ao fast food – Conforme rastreio feito pela ONG internacional, em parceria com a entidade “De Olhos nos Ruralistas”, a cooperativa exportou à Europa grandes quantidades de frango alimentado com a ração de soja da Brasília Sul, especialmente para Reino Unido, Alemanha e Holanda. Registros comerciais mostram que a britânica Westbridge importou mais de 37 mil toneladas de frango congelado e marinado da Lar Cooperativa Agroindustrial, entre 2018 e 2021. isso corresponde a cerca de um terço das exportações totais da empresa ao Reino Unido e União Europeia no período. A Westbridge é uma importante fornecedora de produtos à base de frango para supermercados, bem como a rede de fast food KFC.
Sufoco – Nestes quatro anos, ainda conforme a denúncia, que tem sido espalhada pela ONG, as tentativas dos Guarani-Kaiowá de retomar seu território foram sufocadas, mesmo na esfera judicial. O estudo lembra ainda que essa violência culminou, em 2003, com o assassinato do líder indígena Marcos Veron, espancado até a morte nas proximidades da Fazenda Brasília Sul.