Alta da soja leva chineses a tentar cancelar compras de cargas dos EUA
Campinas, 26/11/2020
A forte alta da soja na bolsa de Chicago nas últimas semanas passou dos limites dos importadores chineses, e como normalmente acontece em situações como essa, a pressão para estancar a escalada já começou a crescer.
Segundo a agência Reuters, algumas tradings e processadoras do grão do país asiático estão tentando cancelar acordos de compra de carregamentos dos EUA para entrega em dezembro e janeiro, em uma clara tentativa de forçar a queda das cotações.
Essa “resistência” dos importadores da China vem depois de pelo menos cinco meses de compras aquecidas, primeiro do grão do Brasil e depois da matéria-prima dos Estados Unidos - principalmente a partir de setembro, quando começou a colheita da safra 2020/21 naquele país.
E foi justamente esse apetite o principal fator para a alta das cotações - o outro foi a estiagem no Brasil, que ainda ameaça o desenvolvimento da nova safra no país. Mesmo com a queda de ontem, influenciada por um movimento de realização de lucros, os contratos futuros de segunda posição de entrega acumulam altas de 12,2% neste mês e de 24,1% em 2020 na bolsa de Chicago.
Segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a China deverá importar 100 milhões de toneladas de soja em 2020/21, ou 60,4% das importações globais. Brasil e EUA lideram as exportações, com volumes previstos pelo USDA em 85 milhões e 59,9 milhões de toneladas na temporada atual, respectivamente.
“Pequenos importadores privados de soja estão tentando cancelar os embarques da oleaginosa dos EUA para dezembro e janeiro, já que as margens de esmagamento se tornaram negativas”, disse à Reuters um trader de uma processadora de soja que atua na China. “Isso é para importadores que compraram cargas, mas não (fixaram) o preço no mercado futuro”, esclareceu.
A China aumentou as importações de soja em larga medida para reconstruir seu plantel de suínos, dizimado pela peste suína africana em 2018 e 2019. E tem acelerado as compras do grão dos EUA para cumprir a Fase 1 do acordo comercial firmado entre Washington e Pequim.
Duas outras fontes confirmaram à Reuters que alguns importadores também estão tentando fazer “washout” com cargas negociadas com antecedência - o instrumento é usado quando comprador e vendedor concordam em cancelar uma transação.
Fonte: Valor Econômico
Autor: Fernanda Pressinott e Naiara Albuquerque
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