Nesta quinta-feira (15), enquanto agricultores furiosos confrontavam um grupo de legisladores centristas que se opunham ao projeto, a Câmara dos Deputados (Câmara Baixa) do Parlamento italiano deu aprovação final a um projeto de lei que proíbe o uso de alimentos e rações para animais produzidos em laboratório.
A proposta, já aprovada pelo Senado (Câmara Alta) foi aprovada por 159 votos a favor e 53 contra, proibindo o uso, venda, importação e exportação de alimentos e rações “provenientes de culturas de células ou tecidos derivados de animais vertebrados”.
As indústrias que violarem essas regras podem estar sujeitas a multas de até 150.000 euros (perto de RS$800 mil) e correm o risco de serem fechadas, enquanto os proprietários podem perder o direito de obter financiamento público por até três anos.
A proposta do Ministro da Agricultura, Francesco Lollobrigida, assessor próximo da Primeiro-Ministra Giorgia Meloni, é vista como parte de uma tentativa mais ampla da coligação de direita para salvaguardar as tradições italianas.
Enquanto o debate no parlamento decorria, surgiram tensões entre manifestantes do grupo de lobby agrícola Coldiretti e dois legisladores da oposição, um dos quais alegou que o presidente do grupo de lobby, Ettore Prandini, o tinha agredido.
“Acredito que seja subversivo que o presidente do Coldiretti acredite que pode agredir um legislador”, disse o legislador Benedetto Della Vedova, acrescentando que denunciaria Prandini à polícia. Della Vedova parecia ter levado um soco no peito no incidente, mas não ficou ferido.
Prandini disse à Reuters que os legisladores provocaram os agricultores com faixas ofensivas e minimizaram o confronto.
O partido +Europa e outros grupos de oposição descreveram a medida da administração da direita como uma tentativa de agradar aos lobbies dos agricultores e criadores, uma vez que os alimentos cultivados em laboratório ainda não estão disponíveis na União Europeia.
Os críticos do projeto de lei dizem que produzir carne sem animais reprodutores limitaria as emissões de gases com efeito de estufa e proporcionaria uma opção aos consumidores que apreciariam consumir um produto que não envolvesse abate.
A oposição alertou que o governo corre o risco de violar as regras do mercado único da UE ao proibir unilateralmente o produto, caso o bloco decida disponibilizar alimentos de laboratório.
O Ministro Lollobrigida reiterou que a proibição era necessária para proteger a indústria alimentar.