A JBS registrou lucro líquido de R$ 572,7 milhões no terceiro trimestre, forte queda de 85,7% quando comparada aos R$ 4,01 bilhões obtidos no mesmo período do ano passado, conforme balanço financeiro divulgado nesta segunda-feira (13/11).
No entanto, o CEO global da companhia, Gilberto Tomazoni, afirmou em entrevista ao Valor que considera o desempenho positivo, visto que também se trata de uma recuperação em relação ao prejuízo de R$ 263,6 milhões que a empresa amargou no segundo trimestre deste ano.
Segundo ele, em 2022 houve um “boom” de resultado, com uma combinação de fatores improváveis de se repetir juntos novamente. Dentre eles, estão a maior oferta de gado nos Estados Unidos, demanda aquecida por carne ainda influenciada por incentivos financeiros decorrentes da pandemia da Covid-19, e preços mais elevados da carne bovina no mercado internacional, principalmente pelo produto importado pela China.
Com isso, demais indicadores importantes da JBS também caíram no comparativo anual. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado alcançou R$ 5,4 bilhões no terceiro trimestre, redução de 43,3%. A receita líquida caiu 7,6%, para R$ 91,4 bilhões.
Em base trimestral, foram obtidos avanços de 21% no Ebitda ajustado e 2,3%. “Continuamos crescendo, as perspectivas são bastante positivas para os nossos negócios”, disse Tomazoni.
O executivo ressaltou que os preços da carne bovina ainda tiveram impacto sobre o desempenho do terceiro trimestre da JBS, mas começaram a reagir em setembro “e continuam nessa toada”.
Tomazoni acredita que o mercado deve voltar à normalidade e destacou que a China continua demandando proteína no mercado internacional.
Para os Estados Unidos há maior dificuldade em se desenhar uma projeção, mas a demanda de consumidores norte-americanos por carne bovina continua, assim como uma melhora considerada significativa na área de suínos no país, avaliou o CEO.
Sobre o Brasil, o executivo destacou a oferta de gado que continua ampla dado o aumento no nível de abates de bovinos e a recuperação nos preços do frango, que não atingiram níveis históricos mas estão mais favoráveis. Soma-se a isso a redução de custos vinda dos preços mais competitivos de grãos usados na ração, como o milho, após uma colheita cheia na segunda safra.
“Os custos (menores) dos grãos influenciaram. A não ser que tenha algum problema climático, os preços vão continuar no mesmo patamar que estão aqui. O plantio de soja está um pouco atrasado, mas ainda é cedo para falar (se subirá em 2024)”, comentou Tomazoni.
Apesar das perspectivas positivas, as quedas consolidadas pela JBS no terceiro trimestre, no comparativo anual, também aparecem no desempenho das companhias que compõem o grupo.
A Seara, que atua na área de aves e suínos no Brasil, viu seu Ebitda ajustado do terceiro trimestre cair 68,2%, para R$ 566 milhões, enquanto a receita baixou 13,3%, para R$ 10,2 bilhões.
Na JBS Brasil, de bovinos, o Ebitda ajustado do período recuou 41,3%, para R$ 484 milhões. A receita líquida teve queda de 11,1%, para R$ 14,4 bilhões.
Na América do Norte, o Ebitda ajustado da JBS Beef caiu 80,1%, para R$ 503 milhões e o da PPC baixou 25,7% para R$ 2,2 bilhões, enquanto o da JBS USA Pork subiu 2,2%, para R$ 1 bilhão. O melhor desempenho ficou para a JBS Australia, cujo Ebitda ajustado cresceu 34,7%, para R$ 665 milhões.
Para o quarto trimestre, as expectativas da companhia são positivas, em função do consumo elevado para festas de fim de ano.